Novo filme experimental transforma a paisagem sonora de São João del-Rei em um delírio audiovisual contemporâneo. Projeto une arte, história e tecnologia para hackear os sentidos e reprogramar novas ideias.
Ouça com os olhos. Veja com os ouvidos. SOM João del-Rei, um filme experimental que abandona os moldes narrativos convencionais e convida o público a mergulhar num transe sensorial TECNO BARROCO.
Filmado em São João del-Rei (MG) — uma das cidades mais sonoras e historicamente simbólicas do Brasil — o projeto é uma viagem por sinos, fumaças, orquestras, cantos e ruídos cotidianos remixados em uma linguagem audiovisual que flerta com o delírio, a ancestralidade e o colapso do agora.
Produzido de forma independente com recursos da Lei Paulo Gustavo, o filme é assinado por uma equipe multidisciplinar de artistas, músicos e pesquisadores que transitam entre a música concreta, o cinema expandido, a psicodelia brasileira e o imaginário barroco. O resultado não é um documentário, nem uma obra de ficção — mas um organismo audiovisual que pulsa, vibra, ressoa.
Diferente de abordagens turísticas ou históricas, “SOM João del-Rei” não retrata São João del-Rei como cenário, mas como instrumento vivo. Os sons da maria-fumaça, dos sinos centenários, das igrejas, das orquestras, das vielas e das vozes populares foram captados em campo e transformados digitalmente em uma nova composição.
Não se trata de trilha sonora, mas de paisagem sonora expandida — uma recombinação radical onde cada batida de sino é pixel, cada sopro de flauta barroca é distorcido como se viesse do espaço.
É como se os sinos de Minas tivessem sido abduzidos por ovnis e remixados por um DJ do fim do mundo.
Inspirado pela estética glitch da internet, pelos delírios da arte popular e pelo poder ritual do som, o filme se assume como um manifesto audiovisual. É meme e missa. É drone e ladainha. É infância de rua e ruína de igreja.
Cada cena busca quebrar a percepção habitual e reencantar os sentidos. Em vez de linearidade, “SOM João del-Rei” oferece colagem, transe, excesso, ruído e caos.
“SOM João del-Rei” não é apenas sobre uma cidade — é sobre a maneira como ouvimos o Brasil. Ao transformar a cidade histórica em arte para um delírio sensorial, o filme propõe uma reflexão profunda sobre o modo como as culturas locais podem ser recriadas com as ferramentas do presente, ampliando suas possibilidades de escuta, de presença e de afeto.